25 de abril de 2014

Preconceito por se vestir bem.



Esse texto surgiu depois de uma conversa com uma amiga referente à mania como as pessoas julgam as outras quando elas se vestem bem e cá estou eu pra falar disso.

Eu, Camila, acho que a palavra preconceito é uma palavra muito pesada para ser utilizada na definição de uma situação, mas se você pegar ao pé da letra o significado da própria, vai ver que não tem jeito, que ela por si só tem vários significados que se encaixa na maioria dos acontecimentos cotidianos - inclusive nesse-.

“Preconceito é um juízo pré-concebido, que se manifesta numa atitude discriminatória, perante pessoas, crenças, sentimentos e tendências de comportamento. O preconceito pode acontecer de uma forma banal, até um pensamento, por exemplo: que feio, que gorda, que magro, como é burro este negrão. Há um sentimento de impotência quando se pretende mudar alguém com forte preconceito.”

E depois de ler essa definição você percebe que faz sentido sim o que eu vou lhe dizer agora.
Quantas vezes você, que está ai do outro lado não passou por uma situação onde juntou uma grana pra comprar aquela peça da sua loja preferida? Ou aquele sapato que era exclusivamente daquela estação

Moro num país tropical em uma cidade não muito grande, mas onde a maioria das pessoas não tem um custo de vida tão alto assim, mas também não passam fome. Mas exclusivamente moro em um bairro onde em cada esquina tem um grupo de fofoqueiros ou de usuários de drogas. Moro em um bairro onde nem sempre o motorista ou o trocador retruca o seu bom dia, moro em um bairro  onde tem gente que vai na padaria de pijama, moro em um bairro que quando pego o ônibus ao mesmo tempo em que muitos olham admirando, outros torcem o nariz discriminando.

E daí que olham de olho torto? Nisso não há problema algum, até porque não temos as mesmas opiniões. Mas considero o meu trabalho extremamente formal e por isso tenho uma exigência muito grande com a minha aparência -quase todos os dias-. Procuro estar sempre bem vestida, quanto pra sair, quanto pra trabalhar. E ainda que eu tente, o lado formal da roupa sempre está comigo ou no acessório, ou em qualquer outra parte do look.

A amiga com quem eu estive conversando passou por uma situação e eu fico pensando que talvez isso já tenha acontecido comigo e eu nem reparei. Um colega de classe da faculdade ficou indagando se era ela mesma quem pagava a faculdade [que é o zóio da cara] só porque se veste muito bem. Como assim?! Agora só porque você é universitária, sem um tostão no bolso tem que andar como se não tivesse bom gosto?

Gente, cadê a realidade desse povo? Começamos a faculdade esse ano, somos mulheres. Mulheres compram. Não estou aqui induzindo nenhum consumo, okay? Apenas certificando de que, as pessoas que veem de fora não sabem se compramos na feirinha perto de casa [como a maioria dos meus blazers], se compramos na liquidação daquela loja de departamento <33, ou se juntamos por alguns meses para comprar uma jaqueta babado para o inverno. As pessoas não sabem e parecem que têm o prazer de discriminar e olhar torto quando veem uma pessoa de classe média baixa usando algo que ela não usaria, tão bem arrumada que ela chega a ficar constrangida.

Se dependesse de mim eu andaria todo dia de batom vermelho, mas não é sempre que estou afim.

E logo penso que quando criei o blog, pensei justamente nisso de mostrar o outro lado dos “looks do dia”. Aqui da Baixada Fluminense dá sim pra contar nos dedos as pessoas bem vestidas que você vê na rua, porque não é algo tão comum e quando vê é alguém que tem uma renda um pouco maior que a sua, ou não. Criei o BNP para mostrar o quanto trabalho pra comprar o sapato postado acima, ou o blazer do bazar da amiga ou o desejo cruel que tenho de ter uma roupa da Zara, se bem que agora ficou bem mais fácil.

Não sei se vocês concluíram junto comigo o pensamento do post, mas a ideia principal foi de tentar não criticar mais tanto assim as pessoas pela imagem. Isso é tão ruim quanto pra quem faz, quanto pra quem sente. A vida já é durão bastante para nos preocuparmos com a vida alheia.



Com amo, Camis!


5 comentários:

  1. Sempre, mas sempre tem algum fofoqueiro para ficar comentando a respeito do seu modo de se vestir e coisa e tal. Algumas pessoas sem conhecimentos não sabem que nem sempre é preciso ter muita grana, basta ter criatividade, bom gosto, e saber pesquisar por lugares com preços baixos, pelas famosas coisas BBB (bom, bonito e barato). Não tem ou não usam a criatividade para montar um look bacana com o que tem no armário e se incomoda com quem tem essa capacidade. Lamentável!

    Esses dias passei por algo inverso, faço curso e lá exigem o uniforme padrão que é a camisa da instituição, calça jeans e sapato fechado e como sou super calorenta e aqui quase nunca faz frio (pelo menos não sinto) uso coque praticamente todos os dias e como acordo as 5:20 da manhã para não me atrasar nem sempre -por preguiça, indisposição e principalmente por não gostar tanto- acabo não usando maquiagem, apesar de que quando uso é o básico, batom, sombra e rímel. Enfim, semana passada quando cheguei em casa fui parada pelo porteiro que fez uma comparação entre eu e uma amiga, que ela sai todos os dias atrasada mas sai bem maquiada e com o cabelo solto, e que, eu poderia seguir esse exemplo para que assim ele e outros rapazes pudessem passar a me admirarem, simplesmente comecei a rir e ignorei, afinal estava com fome e a minha fome é mais importante que comentários que não irão acrescentar nada de positivo para a minha vida rs. Mas tirando o curso sempre me arrumo quando saio, afinal, qual mulher não gostar de estar bem vestida e acima de tudo, sentir-se bem, né? Parabéns pelo texto, K! Gostei muito do tema abordado! Beijos!

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    1. Infelizmente a fofoca está em todo lugar e lidar com esse tipo de coisa é um mero exercício de paciência, viu?! Mas quanto a maquiagem o que o carinha tinha a ver com isso? Mas minha gente, o que tem de intrometido nesse mundo, tê contar, dá pra escrever um livro!
      E como você disse, mulher gosta de sentir-se bem, tanto é que em dias que eu não estou bem comigo mesma fico xoxa super na deprê, mas tem outros que extravaso, libero e jogo tudo pro ar, haha.

      Obrigada por ter comparecido mais uma vez! Beijos

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    2. Exatamente, K! O que temos que fazer é simplesmente ignorá-los! Ah, também tenho meus dias de extravasar e jogar tudo pro ar, amooooo! haha.

      Beijos!

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  2. Nossa, Camis! Já passei pela mesma coisa quando trabalhei aí na baixada. As pessoas achavam super estranho o jeito como me vestia e toda vez que eu ia de echarpe ou vestido para o trabalho diziam que eu parecia estar indo para Londres ou que estava infantil (respectivamente). Acho isso tão retrógrado! Felizmente aqui no meu bairro as pessoas têm uma mente mais aberta e não me olham torto quando uso algo mais exótico, mas mesmo se olhassem eu não mudaria o meu jeito de vestir por causa delas. O importante é ser fiel àquilo que somos por dentro. Beijos e parabéns pelo texto!

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    1. Carla, por incrível que pareça a Baixada tem dessas coisas, a galera daqui para que sente prazer em diminuir o outro ou de analisar muito sem a pretensão de acrescentar de alguma forma, que é horrível. Mas não é só aqui, viu? Eu já fui para outros lugares que as vezes era até pior, ainda bem que não é em todo lugar. Ao mesmo tempo que há gente que vive na base do olho torto para outros, existem aqueles que sorriem só de te verem e sentem prazer em te elogiar e isso é muito bom!
      E eu tento sempre transmitir sempre o que sou, o como meu humor me influencia quando em visto, portanto não é sempre que ligo para o que falam e ainda que eu ligue tem que me mostrar o porque de levantar aquela questão toda referente à moda!
      Obrigada! E volte sempre, Carlinha! :)

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